Pesquisar conteúdo deste blog

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Computadores quânticos | Quantum computers


Computadores quânticos estão cada vez mais próximos de se tornarem realidade, e quando eles chegarem, irão revolucionar o poder da computação.


Na foto, íons de um cristal de berílio confinados por um grande campo magnético no  simulador quântico do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos Estados Unidos. O elétron mais externo de cada íon é um bit quântico (qubit), e aqui eles aparecem fluorescendo em azul, o que indica que estão no mesmo estado.


A realidade do universo em que vivemos é um ultraje ao senso comum. Durante os últimos 100 anos, cientistas foram obrigados a abandonar a teoria na qual o que compõe o universo constitui uma só realidade concreta, substituída por outra na qual uma só partícula pode estar em dois (ou mais) lugares ao mesmo tempo.

Este é o universo revelado pelas leis da física quântica e um  modelo que somos obrigados a aceitar – o peso da evidência científica nos obrigou a isso. Sem isso, nós não teríamos descoberto e explorado os minúsculos interruptores presentes aos bilhões em cada microchip, em cada telefone móvel e computador por todo o mundo. O mundo moderno é  construído com o uso da física quântica: através de seus aplicações tecnológicas na  medicina, comunicações globais e computação científica, ela deu forma ao mundo em que vivemos.

Embora a computação moderna dependa da fidelidade da física quântica, a ação desses minúsculos interruptores permanece firmemente no domínio da lógica do dia-a-dia. Cada interruptor pode estar "ligado" ou "desligado", e programas de computador são implantados pelo controle do fluxo de eletricidade através de uma rede de fios e interruptores: a eletricidade flui através de interruptores abertos e é bloqueada por interruptores fechados. O resultado é uma pletora de dispositivos extremamente úteis que processam informação em uma variedade fantástica de maneiras.

Computadores modernos "clássicos" parecem ter um potencial quase ilimitado – há muito o que se pode fazer com eles. Mas há também uma espantosa quantidade de coisas que não se pode fazer com eles. Existem problemas na ciência que são de uma importância tremenda, mas que não temos esperanças de solucionar, nunca, usando computadores clássicos. O dilema é que alguns problemas requerem o processamento de tanta informação que simplesmente não há átomos no universo suficientes para construir um computador baseado em interruptores para resolvê-los.

Esta não é uma questão esotérica de interesse meramente acadêmico –  computadores clássicos não podem jamais reproduzir o modelo de comportamento de alguns sistemas que contêm mesmo apenas algumas dezenas de átomos.

Este é um sério obstáculo para quem está tentando compreender a maneira como as moléculas se comportam e como alguns materiais funcionam – sem a possibilidade de fazer modelos em computadores, seu esforços são prejudicados. Um exemplo é o campo da supercondutividade a altas temperaturas. Certos materiais têm a capacidade de conduzir eletricidade "de graça" a temperaturas surpreendentemente altas (ainda muito frias para nós, no entanto, ainda abaixo de -100 graus celsius).

O problema é que ninguém sabe realmente como eles funcionam e isso entrava seriamente qualquer tentativa de tornar a tecnologia comercialmente viável. A dificuldade em simular sistemas físicos deste tipo surge quando quer que efeitos quânticos estejam representando um papel importante, e essa é a pista de que necessitamos para identificar uma maneira possível de obter progressos.

Foi o físico americano Richard Feynman quem, em 1981, reconheceu pela primeira vez que a natureza não necessita usar enormes recursos de computação para fabricar complicados sistemas quânticos.

Isso significa que se conseguirmos imitar a natureza, então nós poderemos ser capazes de  simular aqueles sistemas sem o proibitivo custo computacional. Simular a natureza é algo feito diariamente  nos laboratórios científicos de todo o mundo – simulações permitem que cientistas atuem de formas que não poderiam ser usadas em experimentos, tanto porque o experimento seria muito difícil ou caro, como até impossível.

A compreensão de Feynman era que simulações que incluem inerentemente a física quântica desde o início têm o potencial de lidar com problemas de outra maneira impossíveis.

Simulações quânticas realmente decolaram no ano passado. A habilidade de delicadamente  manipular e medir sistemas contendo apenas alguns átomos é uma exigência para qualquer tentativa de simulação quântica, e é graças a avanços técnicos recentes que isso está agora se tornando possível.

Mais recentemente, num artigo publicado na revista Nature na semana passada, físicos dos EUA, Austrália e África do Sul se reuniram para construir um dispositivo capaz de simular um tipo particular de magnetismo que é de interesse de quem estuda a supercondutividade a altas temperaturas. O simulador deles é esotérico. É uma pequena camada em forma de panqueca com menos de 1 milímetro de diâmetro, feito de 300 átomos de berílio que é delicadamente perturbado através de raios laser… e ele abre a as portas para estudos futuros sobre magnetismo quântico que serão impossíveis de usar em um computador clássico.


Uma coisa é construir um simulador dedicado, com o objetivo de lidar com um problema científico em especial, mas nós podemos ser mais ambiciosos e tentar fazer um computador multipropósito que explore a física quântica para executar uma variedade de tarefas de outra forma impossíveis.

Simular sistemas físicos seria apenas uma das tarefas adequadas a um computador assim. Nós podemos igualar isso ao que se faz hoje na computação – computadores modernosnão apenas fazem simulações para cientistas. A ideia de um computador quãntico para várias finalidades foi reconhecida pela primeira vez em 1985 pelo físico de Oxford  David Deutsch e hoje a corrida está aí, com grupos em todo o mundo buscando imaginar o melhor meio de fazer um.

Em essência, um computador quântico funciona com interruptores que não só existem nos estado "on" e "off", mas também em estados que são simultaneamente "on" e "off".

Eles são conhecidos como qubits (pronuncia-se "cubits") e devido à natureza dual de um qubit, torna-se possível um computador quântico fazer vários cálculos em paralelo.

Simplificando, se um computador clássico dá uma resposta se um interruptor está  em "on" e outra quando está em "off", então seria necessário fazer o cálculo duas vezes, uma para cada possibilidade, para se obter as duas respostas possíveis. Com um computador quântico, os cálculos podem ser feitos ao mesmo tempo.

O verdadeiro poder de um computador quântico vem de manipular inúmeros qubits de uma vez. Um computador operando a meros 250 qubits (que poderiam ser codificados utilizando-se 250 átomos) exigiria um computador clássico feito de todos os átomos do universo visível para codificar a mesma informação.

Esse é um campo de pesquisas onde o progresso é muito rápido – desenvolvimentos importantes ocorrem semanalmente – e agora mesmo o desafio é fazer sistemas que possam  manipular um punhado de qubits sem destruir sua natureza quântica essencial.

Provavelmente, é muito cedo para especular sobre quando o primeiro computador quântico completo será construído, mas os progressos recentes indicam que há muitas razões para ser otimista.










Quantum computers are ever closer to becoming a reality, and when they arrive they will revolutionise computing power.


A crystal of beryllium ions confined by a large magnetic field at the US National Institute of Standards and Technology's quantum simulator. The outermost electron of each ion is a quantum bit (qubit), and here they are fluorescing blue, which indicates they are all in the same state. Photograph: Britton/NIST
The reality of the universe in which we live is an outrage to common sense. Over the past 100 years, scientists have been forced to abandon a theory in which the stuff of the universe constitutes a single, concrete reality in exchange for one in which a single particle can be in two (or more) places at the same time. This is the universe as revealed by the laws of quantum physics and it is a model we are forced to accept – we have been battered into it by the weight of the scientific evidence. Without it, we would not have discovered and exploited the tiny switches present in their billions on every microchip, in every mobile phone and computer around the world. The modern world is built using quantum physics: through its technological applications in medicine, global communications and scientific computing it has shaped the world in which we live.
Although modern computing relies on the fidelity of quantum physics, the action of those tiny switches remains firmly in the domain of everyday logic. Each switch can be either "on" or "off", and computer programs are implemented by controlling the flow of electricity through a network of wires and switches: the electricity flows through open switches and is blocked by closed switches. The result is a plethora of extremely useful devices that process information in a fantastic variety of ways.
Modern "classical" computers seem to have almost limitless potential – there is so much we can do with them. But there is an awful lot we cannot do with them too. There are problems in science that are of tremendous importance but which we have no hope of solving, not ever, using classical computers. The trouble is that some problems require so much information processing that there simply aren't enough atoms in the universe to build a switch-based computer to solve them. This isn't an esoteric matter of mere academic interest – classical computers can't ever hope to model the behaviour of some systems that contain even just a few tens of atoms. This is a serious obstacle to those who are trying to understand the way molecules behave or how certain materials work – without the possibility to build computer models they are hampered in their efforts. One example is the field of high-temperature superconductivity. Certain materials are able to conduct electricity "for free" at surprisingly high temperatures (still pretty cold, though, at well but still below -100 degrees celsius). The trouble is, nobody really knows how they work and that seriously hinders any attempt to make a commercially viable technology. The difficulty in simulating physical systems of this type arises whenever quantum effects are playing an important role and that is the clue we need to identify a possible way to make progress.
It was American physicist Richard Feynman who, in 1981, first recognised that nature evidently does not need to employ vast computing resources to manufacture complicated quantum systems. That means if we can mimic nature then we might be able to simulate these systems without the prohibitive computational cost. Simulating nature is already done every day in science labs around the world – simulations allow scientists to play around in ways that cannot be realised in an experiment, either because the experiment would be too difficult or expensive or even impossible. Feynman's insight was that simulations that inherently include quantum physics from the outset have the potential to tackle those otherwise impossible problems.
Quantum simulations have, in the past year, really taken off. The ability to delicately manipulate and measure systems containing just a few atoms is a requirement of any attempt at quantum simulation and it is thanks to recent technical advances that this is now becoming possible. Most recently, in an article published in the journal Nature last week, physicists from the US, Australia and South Africa have teamed up to build a device capable of simulating a particular type of magnetism that is of interest to those who are studying high-temperature superconductivity. Their simulator is esoteric. It is a small pancake-like layer less than 1 millimetre across made from 300 beryllium atoms that is delicately disturbed using laser beams… and it paves the way for future studies into quantum magnetism that will be impossible using a classical computer.


It is one thing to build a dedicated simulator, aimed at tackling one particular scientific problem, but we can be more ambitious and try to build a general purpose computer that exploits quantum physics to perform a variety of otherwise impossible tasks. Simulating physical systems would be just one task suited to such a computer. We can liken that to what is done in computing today – modern computers don't just run simulations for scientists. The idea of a general-purpose quantum computer was first recognised in 1985 by Oxford physicist David Deutsch and today the race is on as groups around the world aim to figure out how best to build one.
At its heart, a quantum computer works with switches that do not only exist in "on" and "off" states but also in states that are simultaneously "on" and "off". They are known as qubits (pronounced "cubits") and by accounting for the dual nature of a qubit it becomes possible for a quantum computer to perform many calculations in parallel. Put simply, if a classical computer gives one answer if a switch is "on" and another when the switch is "off" then one would need to perform the calculation twice, once for each possibility, to collect both possible answers. With a quantum computer, the calculations can be done at the same time. The real power of a quantum computer comes from manipulating several qubits at once. A computer operating on a mere 250 qubits (which could be encoded using 250 atoms) would require a classical computer built from all the atoms in the visible universe to encode the same information.
This is a field of research where progress is very rapid – important developments are a weekly occurrence – and right now the challenge is to build systems that can manipulate a handful of qubits without destroying their essential quantum nature. It is probably too soon to speculate on when the first full-scale quantum computer will be built but recent progress indicates that there is every reason to be optimistic.




Nenhum comentário:

Postar um comentário